★★★★★
Uma obra de engenharia sustentável e de alta complexidade
O projeto de expansão, que ficou a cargo da Dimensional Engenharia, fez o Parque Madureira triplicar de tamanho e tem transformado a paisagem urbana da região unindo lazer e tecnologia de ponta com um melhor aproveitamento dos recursos naturais.
O Bairro de Madureira faz parte da Área de Planejamento 3 (AP3), na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, e juntamente com outros 12 bairros formam a XV Região Administrativa da Cidade, abrangendo uma área de 30,18km². Segundo dados, a AP3 concentra aproximadamente 2.400.000 habitantes, conforme o censo do IBGE 2011, predominantemente de média e baixa renda, com a maior densidade demográfica dentre as áreas de planejamento da cidade. Consequentemente, as áreas naturais e de lazer ficaram muito reduzidas na região, praticamente inexistentes.
O Parque Madureira foi concebido a fim de gerar um Programa Socioambiental, uma vez que sua função é mediar o usuário e o meio ambiente. Dessa forma, foi estabelecido um planejamento paisagístico, urbanístico e arquitetônico que, além de melhorar a qualidade de vida da região e possibilitar aos usuários experiências ambientais em espaços públicos, conta com espaços e conceitos direcionados à educação ambiental e desenvolvimento de pesquisas.
Dessa forma, o paisagismo e urbanismo foram concebidos de forma a proporcionar áreas verdes, de lazer e de contemplação da região, incentivando a prática de esportes e o cuidado com a saúde, assim como promover cultura, arte e educação ambiental para a comunidade do entorno e seus usuários.
A grande ideia que possibilitou a realização deste ambicioso projeto foi a viabilização da utilização de uma área não ocupada no coração desta região de construções extremamente adensadas. A Prefeitura assinou um convenio com a Light se comprometendo a empregar as mais modernas tecnologias disponíveis para compactar as Linhas de Transmissão de Energia que cruzam a localidade, diminuindo a área de projeção das torres e dos cabos e com isso reduzindo a Faixa de Domínio não edificante da concessionária.
Com a sua primeira fase inaugurada em 2012, o Parque Madureira hoje é a quarta maior área verde da cidade – menor apenas que o Aterro do Flamengo, a Quinta da Boa Vista e o Complexo Esportivo de Deodoro. O Parque reúne diversas opções de lazer, esporte e cultura: ciclovias, circuitos de skate, quadras de vôlei, vôlei de praia, basquete e futebol, playgrounds, academias ao ar livre e academia para a terceira idade. O parque conta ainda com a Praça do Samba, um espaço com palco, concha acústica e arquibancadas para a realização de shows e apresentações culturais, além de uma Nave do Conhecimento, uma Arena Cultural e a “Praia de Rocha Miranda”, balneário artificial formado por cinco cascatas.
Em 2014, a Dimensional Engenharia venceu a licitação para executar a obra de expansão do Parque Madureira, que de 1,0 KM passaria a ter 3,5 KM. A obra que vai do Viaduto dos Italianos até a Via Light, na intercessão com a Avenida Brasil, corta os bairros de Turiaçu, Oswaldo Cruz, Rocha Miranda, Bento Ribeiro, Honório Gurgel, Marechal Hermes e Coelho Neto.
Em sua concepção, o projeto é 100% sustentável e acessível para pessoas com necessidades especiais. Além disto, todo investimento em tecnologia de ponta para reutilização de água da chuva, iluminação, irrigação e materiais reciclados são visíveis ao público e também impactam na redução do custo de manutenção. O projeto do Parque Madureira reúne soluções sustentáveis certificadas pelo selo AQUA da Fundação Vanzolini.
Além de uma ampla estrutura de lazer – que vai desde a maior pista de skate Half Pipe do Brasil, passando por praia artificial, cascatas, ciclovia, quadras de tênis, de basquete e de futebol, academias ao ar livres, áreas de descanso (pergolatos), espaço para a prática de slackline, mesas de pingue-pongue em acrílico, quiosques de alimentação, etc – a obra contempla também um terminal de ônibus, uma estação de tratamento de esgoto, um viaduto sobre a linha férrea, duas passarelas e quatro pontes.
Existe uma extensa e complexa infraestrutura subterrânea para que o Parque funcione como uma engrenagem precisa. A água da chuva captada no lago é usada nas cascatas e na irrigação. Há um sistema redundante de provisão de água pela companhia de abastecimento da cidade. Mas só entra em ação em tempos de estiagem. A infraestrutura contempla também sistemas inteligentes de telegestão e controle de iluminação e monitoramento, além de sistema segurança.
Ao longo do Parque, foram implantados pergolados para descanso envoltos com plantas trepadeiras ou parreiras e que utilizam uma cobertura fotossensível, permitindo a passagem de 20% da luz do sol. Os banheiros com paredes e telhado verde também contribuem para ampliar a área de vegetação e arejar o ambiente.
Um sucesso do Parque é o balneário em formato de rabo de peixe com lâmina d’água, conhecido como Balneário de Rocha Miranda. Composta por uma faixa de areia de cerca de 500 m², a estrutura ocupa uma área de 125,6 m² e pode ser compartilhada por até 100 pessoas simultaneamente. Também tem palmeiras, coqueiros e 120 m de queda d’água. O circuito das águas conta ainda com lago em formato de desenho dos anéis olímpicos (em círculos de 13,75 metros de diâmetro) com capacidade para armazenamento de 600 mil litros.
O Parque de Madureira funciona entre 05h e 22h. Por este motivo, o projeto de iluminação também precisava ser inteligente. Todas as lâmpadas utilizadas são LED para garantir maior economia no consumo de energia elétrica. Além disto, os sensores de presença são programados para aumentar ou diminuir de intensidade conforme a quantidade de gente que está circulando no local. No projeto são mais de 210 luminárias e 170 projetores. Grande parte da eletricidade consumida no Parque é gerada por placas que captam a energia solar.
Outro grande desafio tecnológico foi a implantação do sistema de irrigação computadorizado que capta a água da chuva. Toda área verde do Parque é irrigada duas vezes ao dia. Quando o tempo nublado e chuvoso, o sistema identifica a umidade e não dispara. O sistema computacional tem ainda um mapa da vegetação do Parque e define a altura do jato de água obedecendo a necessidade de cada planta: uma vegetação de restinga é diferente da de uma Palmeira, por exemplo. Por falar em Palmeiras, a Dimensional Engenharia plantou 1.000 espécies delas no Parque Madureira. Além disto, toda a madeira usada nos bosques, mesas, bancos etc é de reflorestamento e certificada. Pneus reciclados triturados dão o toque nos arranjos ornamentais e cumprem a função de contenção da umidade para as plantas.
Arena de skate
Um dos grandes atrativos do Parque, a execução da pista pública de Half Pipe, que compõe o maior complexo de skate público do mundo, foi um projeto dentro do projeto. A engenharia para a construção englobou estudos e cálculos específicos, e a pista foi acompanhada de perto e testada pelo skatista brasileiro Bob Burnquist, grande medalhista da história do X-Games.
No equipamento, que deve receber grandes competições, foram utilizados cerca de 4 mil metros cúbicos de concreto. São 11,5 metros de largura, 25 metros de comprimento, 4,70 de altura e em forma de arcos e elipses com vão único de 62 m entre apoios, o maior do Brasil. Para os iniciantes no esporte foi construída uma pista em conformidade com padrões, normas e técnicas construtivas de nível internacional, executada em concreto armado resinado e polido, com coping e guarda corpo em tubo galvanizado.